quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Guiné 63/74 - P2234: RTP: A Guerra, série documental de Joaquim Furtado (5): Os bons, os maus e os vilões (Torcato Mendonça)

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Foto: © Torcato Mendonça (2006). Direitos reservados.

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1. Comentátio do editor Virgínio Briote:

Guerra do Ultramar, Guerra Colonial ou Guerra da Libertação? Foi a que nos saiu em sorte. Aos nossos avós calhou-lhes outra. E não é mau, arrisco para mim, que se volte a falar do assunto. Não nos resolve nada, claro. Ninguém nos tira os tempos que lá passámos, nem o que vivemos com eles estes anos todos. E, continuo a arriscar, se calhar para alguns de nós, melhor era não mexer mais no assunto.

O Torcato Mendonça passou ao teclado o que se lhe oferece dizer sobre o tema. Fá-lo à sua maneira, numa conversa muito íntima, fala com ele como só ele sabe, e permite que o ouçamos.
E escreve e fala por muitos de nós.


2. Texto do Torcato Mendonça:


Tenho escrito e fica no papel ou se passo "à tecla" arquivo. Prefiro ler os posts. Alguns de grande qualidade, focando o Tema Guerra Colonial.

Acabo de ver o terceiro episódio de A Guerra. Senti necessidade de ir á varanda apanhar o ar fresco que já se faz sentir por aqui. Não tenho querido tomar posição sobre esta onda de amostragem da guerra de África, do Ultramar ou Colonial.

Se pertenço à tertúlia sigo os onze, creio eu, princípios que são a base da nossa convivência. Contudo, correndo o risco de violar algum ou alguns desses princípios, assumo que pessoalmente é GUERRA COLONIAL, a designação de províncias ultramarinas foi mero acto legislativo, curiosamente O Acto COLONIAL de 1951.

Respeito quem defende outras posições, de forma honesta. Assistir a programas como os Prós e Contras ficamos desiludidos. Há pessoas a defenderem posições que não têm cabimento.
A Fátima C. Ferreira abordou mal, conduziu mal e o resultado foi o não esclarecimento. Lastimo mas, programas como aquele não servem Temas destes. Ponto!


O filme As Duas Faces de uma Guerra certamente não me irá desiludir. Conheço mal o trabalho do Flora Gomes (vi um ou dois filmes e li sobre ele) mas, do pouco que vi e do que li, gostei.

A Diana Andringa é diferente. Conheço e gosto do trabalho dela. Dá-me quase a certeza de que ao ver o filme vou senti-lo e vai mexer comigo.

Quanto ao que acabei de ver: A Guerra que já vai no terceiro episódio … nem sei como hei-de abordar…começou com imagens conhecidas, chocantes, a prenderem o espectador, mostrou como estava o Governo de Lisboa em matéria de informação e qual a politica seguida, continuou com a barbárie do lado da UPA e a repressão violenta da parte dos Colonos e militares sem preparação.

Merece reflexão, tem que ser tratado mais com a razão do que com o coração. Só assim se pode analisar. Ainda estou a quente e preciso arrefecer. Houve ali depoimentos de gente que conheci. Depois eu estive lá. Não podemos olhar para a guerra colonial e caracterizar os intervenientes numa de três categorias: os bons, os maus e os vilões.

O trabalho do J. Furtado, independente do choque desta apresentação, tem, no futuro ou mesmo já, um enorme valor se tratado como documento histórico. São milhares de imagens, depoimentos e análises de pessoas já desaparecidas. Têm que ter o devido tratamento para servirem todos os Povos intervenientes. Serenamente, feito por quem tem para isso a devida preparação.

Temos ainda a questão do ódio. Bem, não tolero a guerra, qualquer guerra, mas não tenho ódio. Aliás, é sentimento banido da minha maneira de encarar a vida. Não esqueço, não consigo perdoar certos acontecimentos da pós-independência colonial. Não concordo com a descolonização da forma que foi feita. Outro assunto a ficar para um dia. Ou este – descolonização ou desprovincianalização ou desultramarinização…Bá…

Meus Caros, arrefeceu-me mais a cabeça, fruto de paroles…paroles… aqui alinhadas… diferentes de outras, outrora declamadas pelo J. Cabral, o de Fá, Finete ou Missirá… e, com aquela poesia, certamente humanizou aqueles lugares.

Bons, maus e vilões… isso não é connosco.

Abraços,

Torcato Mendonça

1 comentário:

Anónimo disse...

Concordo bastante com o ponto de vista do Torcato pois é essencialmente também a minha opinião. Hélder Sousa