terça-feira, 17 de abril de 2007

Guiné 63/74 - P1670: Operação Larga Agora, Tancroal, Cacheu, local maldito para a Marinha (Parte II) (Lema Santos)


II e última parte de um extenso texto do Manuel Lema Santos sobre a Operação Larga Agora (1).

O ex-1º tenente d Reserva Naval e imediato da LFG Orion (Guiné, 1966/68) entrou para a nossa tertúlia há um ano. Sobre ele escrevi o seguinte:

(...) O Lema Santos é o primeiro oficial da classe de marinha que nos contacta e pede licença para entrar na nossa caserna... de tropa-macaca. É óbvio que o vamos receber de braços abertos: estamos todos de acordo que a história da guerra da Guiné só pode fazer-se juntando a malta dos três ramos das Forças Armadas Portugueses mais os nossos queridos turras. Até à data, e nas vésperas de completarmos um ano de existência, as tropas especiais, bem como a malta da marinha e da força aérea, está ainda subrepresentada na nossa tertúlia. Seria interessante tentar saber porquê... Ao falar com este camarada pelo telefone, constatei que ele conhece todos os rios da Guiné, é um excelente contador de histórias, tem uma memória fotográfica e possui uma vasta rede de contactos pessoais e sociais... Welcome to board, captain! (...).


De destacar no relatório desta operação o elogio que o comandante da operação, Coronel Paraquedista Rafael Durão, faz à actuação do nosso camarada Vitor Junqueira, ex-alferes miliciano da CCAÇ 2753 - Os Barões (Madina Fula, Bironque, Saliquinhedim/K3, Mansabá , 1970/72), hoje médico, residente em Pombal, e organizador do 2ºencontro da nossa tertúlia (Pombal, 28 de Abril de 2007):

(...) Considero excepcional o comportamento da função de Comando do AGR 5 CCAÇ 2753 (-) do ALF Mil de Inf VICTOR JOSÉ ANASTÁCIO JUNQUEIRA que, embuído de alto espírito de missão, soube formar com os 2 Gr Com que comandava uma equipa extremamanente coesa e perfeitamente ciente do que lhe incumbia. Em todas as acções de contacto IN manifestou calma absoluta, clareza e rapidez de decisão. Julgo-o perfeitamente apto para comandar uma CCAÇ em operações (...).

2.Operação Larga Agora

Nota: O relatório que abaixo se transcreve corresponde ao relato oficial integral salvo gralhas e algumas simplificações mas sem qualquer alteração de sentido do texto (MLS)

Relatório da Operação Larga Agora
Realizada de 13 de Junho de 1971, com início às 05h30, a 15 de Junho de 1971, às 17h00, na região de Tiligi

Referências > Ordem de Operações Larga Agora

Situação > Ordem de Operações Larga Agora

Missão

Actuou ofensivamente na região de TILIGI (limitada pelos rios Cacheu, Armada, Blassar e Olossato) através de acções de nomadização prolongadas no espaço e no tempo, com especial atenção nas áreas de instalação e presença do IN e da população sob seu controlo, com vista à captura e aniquilamento daquele. No mínimo, destruir todas as suas instalações e/ou meios de vida, criando-lhes condições de insegurança e captura população.

Força executante

(1) Comandante – Coronel Paraquedista Rafael Ferreira Durão

(2) Comandantes das Sub-unidades:
AGR 1/DFE 12 – 1º Ten FZE Francisco Coelho Mendes Fernandes
AGR 2/DFE 4 - 1º Ten FZE José Faustino Ferreira Júnior
AGR 3/DFE 13 - 1º Ten FZE José Manuel Marques Ribeiro Reis
AGR 4/27ª CCMDS - ALF Mil Comando José Eduardo Lima Rebola
AGR 5/CCAÇ 2753 - ALF Mil Victor José Anastácio Junqueira
AGR 6/CCP 123 – CAP Paraquedista Avelar de Sousa
AGR 7/CCP 121 - CAP Paraquedista Mira Vaz
AGR 8/02 Grcomb CCP 121 - Ten Paraquedista Castro
AGR 9/02 Grcomb CCP 123 - Ten Paraquedista Caldas

(3) Emboscadas
CCAÇ 2781 - CAP Inf Manuel Estevão de Martinho S. Roldão
CCAÇ 13 - CAP Mil Inf João Carlos C. Castro
01 Gromb/CCAV 3378 +
01 Grcomb/Comp Mil 26 – ALF Mil Manuel Joaquim da Silva Araújo
Articulação da força – Conforme Ordem de Operações Larga Agora

(4) Planos estabelecidos para a acção

Conforme Ordem de Operações Larga Agora
(5) Desenrolar da acção

Conforme planos estabelecidos para a acção

Resultados:

DFE 4

Causou 4 mortos ao IN, a quem apreendeu 2 armas; destruiu 14 tabancas e recuperou 2 elementos da população.

DFE 12

Causou ao IN 1 morto, 2 feridos e capturou 2 elementos; apreendeu 4 armas; destruídas 8 tabancas e recuperados 19 elementos da população. As NF sofreram 3 feridos.

DFE 13

O IN sofreu 1 morto. Recuperados 7 homens e 3 crianças; destruídas 8 tabancas.

27ª CCMDS

O IN sofreu 3 mortos, 1 ferido e a apreensão de 2 armas e documentos diversos; recuperados 3 elementos da população; destruídas 20 tabancas. As NF sofreram 2 feridos ligeiros.

CCAÇ 13

Recuperou 1 homem, 5 mulheres e 2 crianças.

CCAÇ 2753

Causou 3 mortos e capturou 1 elemento pop; apreendeu 2 metralhadoras, 11 pistolas-metralhadoras, 4 espingardas, 1970 mun, 16 carregadores, 6 lâminas Breda, 1 tripé Breda, 6 tripé MC, 1 suporte AA, 2 caixas espol mort, 12 granadas de morteiro 60, 10 granadas RPG-2, material e documentos diversos; destruídas 29 tabancas.

CCAÇ 2781

Causou 1 morto; apreendeu 1 pistola-metralhadora PPSH e 1 canoa; recuperados 10 homens, 8 mulheres e 4 crianças; destruída 1 tabanca.

CCAV 3378

Causou 2 mortos e vários feridos; apreendidas 2 armas. As NT sofreram 1 ferido ligeiro.

CCP 121

O IN sofreu 4 mortos; recuperados 9 elementos da população; apreendidos documentos diversos; destruídas 14 tabancas.

CCP 123

O IN sofreu 2 mortos; apreendida 1 arma e 2 canhangulos; recuperados 19 elementos da população; destruídas 7 tabancas.

(6) Resultados obtidos

a – Baixas causadas ao inimigo
a) Mortos: 21
b) Capturados: 2
c) Feridos: 3

b – Material capturado ao inimigo

Armas: 29
Gr Mort 60: 10
Gr RPG-2: 10
Munições: 1970
Carregadores: 16
Lâminas Breda: 6
Tripé Breda: 1
Tripé MG: 6
Suporte AA: 1
Caixas Espol: 2
Canoa : 1
Mat diverso
Doc diversos
Tabancas destruídas: 101

c – População recuperada: 93 elementos

d – Baixas sofridas pelas NF: 6 feridos ligeiros

(7) Ensinamentos colhidos
A aparente ausência de oposição por parte do IN, decorrente da pequena quantidade de baixas das NF (mesmo estas sem gravidade) numa área tão extensa, foi derivada da aplicação simultânea de vários AGR na zona de operações e do constante apoio aéreo dirigido para as tropas que maiores dificuldades sentiram com essa oposição.

Foram precisamente os AGR que actuaram para L da estrada de BARRO que mais frequentes es contactos tiveram com especial incidência para o AGR 5 que, na 2ª noite, foi flagelada fortemente pelo IN.

Aliás, sentimos como mais de densamente ocupados pelo IN as penínsulas do TANCROAL, LETO e CONCOLIM, ocupação essa resultante da directa inserção no TILIGI do corredor de SAMBUIÁ e as suas derivantes, tendo como bases principais as implantadas em áreas de SUNTUCULÁ, SOLINTO-MANDINGA, AMINA DALA, JAGALI-MANCANHA, NHANFRA e IRÃ e também, se bem que menos fortemente, as penínsulas de NAGATE e IADOR, a partir de bases nas áreas de COSSINCUTO-COSSIBA e IANANÃ, resultante das infiltrações do corredor de SANO.

Para W da estrada de BARRO, o IN encontrava-se disseminado em pequenos grupos de 5 a 7 elementos parecendo irradiar da base de Quinjin. Todas estas bases encontravam-se ardilosamente camufladas nas matas e palmeiras.

Regista-se o encontro de 1 grupo numeroso originário do comando do COP 6 com a emboscada mantida pela CCAV 3378 com a possível finalidade de reforço ao IN na península do TANCROAL.

Toda a zona de operação é muito povoada, dispõe de meios de vida humana e as tabancas, a céu aberto, constituem autênticos pólos de atracção para a população sob controlo do IN. Quase todas essas tabancas possuiam milícia armada e dispunham de abrigos enterrados de grande robustez.

Foram encontradas cubatas de parede de cimento e celeiros fornecidos de toda a espécie de sementes e de arroz de qualidade (um tipo diferente do cultivado na Guiné) para as novas sementeiras. As populações dispõem de grande manancial de recursos em animais domésticos para sua alimentação e a fuga das mesmas para locais de refúgio fora da ZA (tarrafe etc) foi a sua atitude fundamental. Julga-se difícil a apresentação da população da ZA, junto das A.A. ou das NT pois a sua mentalização já há longo tempo trabalhada pelo IN e a riqueza de meios na área não são de molde a oferecer-lhe motivos sufucientes de recuperação.

Sinal evidente é o facto de essa população, um dia depois da recolha dos AGR, se ter empenhado na construção de novas cubatas e reconstrução, por processos expeditos, de outras por nós destruídas, nos mesmos locais dos antigos aldeamentos e em número altamente significativo.

Para que as populações do TILIGI sejam obrigadas a apresentar-se torna-se necessário acção constante de esforço aéreo sobre a ZA, conjugada com heli-assaltos de curta duração tendentes a destruir todas as tabancas e objectivos militares que se forem referenciando com vista a criar nas populações uma instabilidade permanente que as coíba dos trabalhos nas suas lavras e portanto lhes ameace a sobrevivência naquela área. Esta acção constante conjugada com o lançamento de panfletos da ACAP poderá atingir a finalidade desejada.

Parece-nos que a criação, a longo prazo, de um destacamento militar do TILIGI com reordenamento, poderá constituir como que um polo de atracção das populações naquela área já que esta se apresenta potencialmente rica mas, no entanto, julgamos que ainda não foram criadas condições para essa implantação.

Para actividade de contrapenetração propomos como mais instante e de maior efeito a implantação de 1 destacamento de efectivo CCAÇ (+) na área do INSUMETÉ depois de criadas condições para essa implantação a partir de frequentes operações e acções nas áreas de PONTA MATAR, CHOQUE-MONE, INSUMETÉ – INFAIDE – NAGA(INQUIDA) – IUSSE INSANTANQUE UMBAPÁ e QUERÉ.

Verificou-se desde o início da operação que não era possível a prática simultânea de 2 PCV em virtude das interferências causadas pela utilização de uma única frequência de apoio aéreo. Este facto foi agravado inicialmente pela utilização desta frequência tanbém nas redes internas de alguns AGR e emboscadas periféricas, em contravenção com o que estava determinado e foi prontamente rectificado.

A indisciplina nas transmissões foi também patenteada por algumas das forças em emboscada periférica que, quando sobrevoada, não se limitavam a entrar em escuta e, pelo contrário, tentavem contactar com o meio aéreo que os sobrevoava temporariamente sem terem algo de interesse para comunicar. Desta falha também enfermaram alguns AGR.

Constatámos assim que, apesar da adversidade de meio rádio frequência utilizáveis das tropas intervenientes, se poderia, em teoria, face ao ingente esforço que seria então pedido aos pilotos e meios aéreos, manter no ar 2 PCV com indicativos diferentes, cada um apoiando respectivamente os AGR a L e W da estrada de BARRO, mediante a utilização de 2 frequências distintas.

Um dos ensinamentos colhidos sobre o aspecto de exploração das transmissões para comando e controlo operacional foi o de que deveria usar-se uma frequência diferente de apoio aéreo para conduta desse apoio em reabastecimento, recuperações e evacuações e excluindo no entanto e obviamente a do transporte e utilização da reserva.

Outro dos procedimentos que reputo de todo o interesse e que deve ser seguido é o da utlização da frequência de apoio aéreo como frequência apenas de contacto entre os diversos meios aéreos fazendo-se seguidamente a exploração rádio em frequência distinta daquela. Em operações que envolvam certo potencial aéreo e diversidade dos seus meios é de todo o interesse que permaneça junto do P.C. um Oficial de ligação da Força Aérea.

O comando da operação teve dificuldades no reabastecimento de água e munições a alguns AGR em virtude de não ter sido observado o estabelecido em 4. ADMINISTRAÇÃO E LOGÍTICA da Ordem de Operações. Deve, de futuro, cada COMPANHIA empenhada, dispôr de vaguemestres junto do P.C. da operação com os meios necessários não só em quantidade e qualidade como também os recipientes para o seu acondicionamento e transporte para a ZA.

O Comandante
Rafael Ferreira Durão
Coronel Pára

Anexos:

A – Relação do Material das NF extraviado, danificado ou capturado pelo IN e munições consumidas.
B – Relação de Material capturado ao IN.
C – Relação nominal do pessoal considerado Baixa em combate.
D – Comportamento do Pessoal.

AUTENTICAÇÃO
O CHEFE DA SEC OPER
Vaz Barroco
Major Cavª


ANEXO A – (RELAÇÃO DE MATERIAL DAS NF EXTRAVIADO, DANIFICADO OU CAPTURADO PELO IN, MUNIÇÕES CONSUMIDAS) AO REL OP LARGA AGORA

1. Material danificado ou extraviado:

a) CCAÇ 2753
Danificado: 1 Antena AVP 1 AN 239 A
Extraviado: Cano de Met Lig HK 1

b) 27ª CCMDS
Extraviado: 2 Fitas MG-42

c) CCAÇ 2781

CH. SR. INT

Fardamento:
Soldado 1308870, GUILHERME ÁGUEDA LÉRIAS
Botas de lona c/ rasto de borracha – 1 par
Soldado 2803365, MANUEL GONÇALVES MARIZ
Botas de lona c/ rasto de borracha – 1 par
Soldado 4029270, FERNANDO HENRIQUE DOS SANTOS
Botas de lona c/ rasto de borracha – 1 par, Quico – 1

CH. SR. MAT

SUB GRUPO G – eq
Soldado Milº 74369, UIGNA TAMBÉ: Bornal mod. 943 – 1
Soldado 6895570, JOSÉ GASPAR DA CONCEIÇÃO PINTO: Cantil mod 964 1
Soldado 16688470, MANUEL DE JESUS MOREIRA: Cantil mod 964 – 1

SUB GRUPO G – AM
1º Cabo 5860670, DOMINGOS GOMES FERREIRA: Tubo mort 60 mod 965 FBP (comp) nº 327 – 1, GE mort 60 – 4

d) CCAV3378

CH. SR. MAT
1º Cabo 10329570, LUIS JORGE FERNANDES VENTURA, Cantil – 1
1º Cabo 16501770, ANTÓNIO JOAQUIM BAJANCA CARRONHA, Cantil – 1
Soldado 16669970, JOSÉ MANUELA CARVALHO BANHA, Carregador – 1
Soldado 19893070, HILÁRIO SILVA TRINDADE, Carregador – 1
Soldado 16414970, LUIS CAIXINHA BENTO, Bornal – 1
Soldado 16428770, ANTÓNIO RAPOSO BRAGANÇA, Cinturão – 1
Soldado 16655270, MATEUS DA CONCEIÇÃO PEREIRA, Cantil – 1

2. Munições consumidas:

a) CCAÇ 2753

– 7.62 - 1500
– LFOG - 18
– MORT 60 -15
– DILAGRAMA - 26
– GR/M INCEnd - 13
– GR/M OF - 6

b) 27ª CCMDS

– 7.62 - 3000
– GR/M OF - 30
– GR MORT 60 - 6
– GE 3,7 - 15
– GE BIVALENTINA - 13

c) CCAÇ 2781

– GR/M OF - 1
– 7.62 - 5

c) CCAÇ 3378

– GR MORT 60 - 20
– GR BAZZOKA - 12
– DILAGRAMA - 37
– 7.62 - 500

O Comandante
Rafael Ferreira Durão
Coronel Pára

AUTENTICAÇÃO
O CHEFE DA SEC OPER
Vaz Barroco
Major Cavª


ANEXO B (MATERIAL CAPTURADO AO IN) AO RELATÓRIO DA OP LARGA AGORA

– ARMAS - 29
– GR MORT 60 - 12
– GR RPG 2 - 10
– MUNIÇÕES – 1970
– CARREGADORES - 16
– LÂMINAS BREDA - 6
– TRIPÉ BREDA - 1
– TRIPÉ MG - 6
– SUPORTE AA - 1
– CAIXAS ESPOL - 2
– CANOA - 1
– MATERIAL DIVERSO
– DOCUMENTOS DIVERSOS

O Comandante
Rafael Ferreira Durão
Coronel Pára


AUTENTICAÇÃO
O CHEFE DA SEC OPER
Vaz Barroco
Major Cavª


ANEXO C (RELATÓRIO NOMINAL DO PESSOAL CONSIDERADO BAIXA EM COMBATE) AO RELATÓRIO DA OP LARGA AGORA

DFE 12
MARFZE Nº 1271/66 MACHADO
MARFZE Nº 1716/68 SILVA
1º GRT Nº 2230/69 BARROS

27ª CCDMS
Fur Milº Comando 156710702 – ANTÓNIO MANUEL CORREIA ROSA
Sold Comando 9032270 – JOSÉ MANUEL RIBEIRO DOS SANTOS

CCAV 3378
1 Ferido Ligeiro


O Comandante
Rafael Ferreira Durão
Coronel Pára

AUTENTICAÇÃO
O CHEFE DA SEC OPER
Vaz Barroco
Major Cavª


ANEXO D (COMPORTAMENTO DO PESSOAL) AO RELATÓRIO DA OP LARGA AGORA

1. DFE 4

Cumpriu a missão conforme o planeamento estabelecido.

2. DFE 12


a) Apreciação do Comandante da Operação


Aponta-se a falta de empenhamento na destruição dos meios de vida, dentro do espírito da missão que lhe fora atribuída, do AGR 1 que deixou para trás, no seu eixo de progressão e zona de acção, tabancas semidestruídas e até celeiros e aldeamentos incólumes.

A sua progressão foi demasiado rápida e de tal forma que ao fim do 1º dia se encontrava já no local de recuperação, tendo retrocedido por indicação do PCV, a fim de destruir tabancas nas proximidades, resultando dessa acção e posterior regresso ao ponto de recuperação a captura de 3 armas e de 1 elemento IN de interessa. Julgo que deva ser exercida acção superior no sentido da reconstituição e recuperação psíquica e física deste Destacamento que parece ter entrado em fase de fadiga permanente (surmenage) e de frustação psicológica.

b) Apreciação do Comandante do DFE 12

O 2º Ten LOBATO, ficando de repente com a responsabilidade do Comando do Destacamento, revelou muita determinação espírito de sacrifício e de missão confirmando assim, a boa impressão colhida pelo CMDT DFE 12 em operações anteriores, a seu respeito.


O intérprete que foi fornecido ao DFE 12 cumpriu bem a sua missão

3. DFE 13

Cumpriu a missão conforme o planeamento estabelecido.

4. 27ª CCMDS

a) Apreciação do Comandante da Operação

Cumpriu a missão conforme o planeamento estabelecido.

b) Apreciação do Cmdt da 27 CCMDS

É de realçar a acção do ALF Mil Comando 7729668, DORINDO FERREIRA, que incutiu na frente do trigrupo uma alto espírito combativo; soube dominar bem todas as contrariedades que surgiram e foi sempre o primeiro a entrar em todos os acampamentos, montando sempre o dispositivo mais adequado para as diferentes circunstâncias.

Ainda a realçar o comportamento do 1º Cabo Comando 14623770, MANUEL DOS SANTOS RODRIGUES, que com o ALF DORINDO foi sempre na frente do Grupo, mostrando-se calmo, corajoso e resoluto, sabendo sempre contrariar as situações difíceis.

5. CCAÇ 2753 (-)

É de realçar a conduta notável da CCAÇ 2753 (-) durante a operação a qual em todos os contactos havidos manifestou grande disciplina de fogo e capacidade de manobra ajustada às situações e duração da operação.

Considero excepcional o comportamento da função de Comando do AGR 5 CCAÇ 2753 (-) do ALF Mil de Inf VICTOR JOSÉ ANASTÁCIO JUNQUEIRA que, embuído de alto espírito de missão, soube formar com os 2 Gr Com que comandava uma equipa extremamanente coesa e perfeitamente ciente do que lhe incumbia. Em todas as acções de contacto IN manifestou calma absoluta, clareza e rapidez de decisão. Julgo-o perfeitamente apto para comandar uma CCAÇ em operações.

6. CCP 121

a) Apreciação do Comandante da Operação

Cumpriu a missão conforme o planeamento estabelecido.

b) Apreciação do Comadante da CCP 121

O furriel pára MANUEL PEREIRA FALCÃO, da CCP 121, pela forma decidida e eficiente como conduziu os seus homens em terreno descoberto ao encontro dum Gr IN de 5 elementos armados.

Da sua acção resultou para o IN 2 mortos confirmados e 3 prováveis.

O seguinte pessoal da 2ª SEC/3º Gr/Comb CCP 121 pela forma corajosa e decidida como se lançou em campo descoberto, ao encontro dum Gr IN 5 elementos armados com o intuito de os capturar ou abater, da sua acção resultou para o IN 2 mortos confirmados e 3 prováveis.


1º Cabo pára 200/69 – JOSÉ FERNANDO DE ALMEIDA
Sold pára 14/69 – JOSÉ MARTINS DE ALMEIDA
Sold pára 232/69 – RAIMUNDO MANUEL VIEIRA MENESES
Sold pára 307/69 – VIRIATO RAIMUNDO MONTEIRO
Sold pára 328/69 – ANTÓNIO MARIA BARRADAS CARRILHO

7. CCP 123

a) Apreciação do Comandante da Operação

Cumpriu a missão conforme o planeamento estabelecido.

b) Apreciação do Comandante da CCP 123

O 2º Sarg pára FRANKLIN FERNANDES DA SILVA BENTO, pela maneira corajosa, calma e eficiente como comandou o seu Gr Comb especialmente no contacto com o IN em que debaixo de fogo manobrou os seus homes por forma inteligente, dirigindo simultaneamente o fogo do apontador de Mort 60, obrigando o IN a uma fuga precipitada.

8. CCAÇ 13

Cumpriu a missão conforme o planeamento estabelecido.

9. CCAÇ 2871

a) Apreciação do Comandante da Operação

São de salientar os resultados obtidos.

b) Apreciação do Comandante da CCAÇ 2871

Salientam-se o guia FERNANDO SANGA, este elemento tem sido imensas vezes voluntário para fazer operações como atirador e não como guia. Nesta operação, se bem que a coberto de 4 milícias, actuou sozinho conseguindo, mercê da sua astúcia, da maneira como progrediu no terreno, aproximar-se do elementos IN armado sem que este o visse.

Quando o procurava apanhar, o elemento IN viu-o e começou logo a fugir tendo FERNANDO perseguido-o pois queria apanhá-lo vivo. Como o elemento IN disparou um tiro sobre FERNANDO imediatamente este com uma rajada o atingiu, tendo-o aniquilado e capturado a arma com 2 carregadores.

10. CCAV 3378

a) Apreciação do Comandante da Operação

São de salientar os resultados obtidos pela CCA, tanto mais que iniciou a sua comissão neste T.O. há pouco tempo.

b) Apreciação do Comandante da CCAV 3378

1º Cabo nº 10329570, LUIS JORGE FERNANDES VENTURA, pela eficiência com que usou a sua bazooka, nas 4 granadas que disparou e vendo que só tinha mais 2, que poderiam depois fazer falta, pediu a espingarda a um dois camaradas mais recuados bem como dilagramas a outro e arrancou novamente contra o IN, obrigando-o a retirar pela perícia com que lançava os mesmos.

1º Cabo nº 16585570, AUGUSTO ANTÓNIO PINA DA SILVA, pela perícia e eficiência com que usou os diligramas, atirando-se sobre o IN, logo que ele mostrou menos resistência.

Soldado nº 17333170, ARTUR DA SILVA MARTINS, pelo sangue frio que mostrou na luta, só parando quando a sua HK encravou. Correu para junto dum camarada e tentou desencravar para logo voltar para a luta batendo toda a zona e pondo o IN em fuga.

11. É digno de registo e apreço o esforço dispendido, dum modo geral, por todos os elementos da ZACVG que apoiaram a operação.


O Comandante
Rafael Ferreira Durão
Coronel Pára

AUTENTICAÇÃO
O CHEFE DA SEC OPER
Vaz Barroco
Major Cavª
_____________

Notas de L.G.:

(1) Vd. post de 16 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1665: Operação Larga Agora, Tancroal, Cacheu, local maldito para a Marinha (Parte I) (Lema Santos)

(2) Vd. post de 21 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXXIII: Apresenta-se o Imediato da NRP Orion (1966/68) e 1º tenente da reserva naval Lema Santos

(3) Vd. post de 6 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1567: Operação Larga Agora, na região do Tancroal, com a CCAÇ 2753 (Vitor Junqueira)

1 comentário:

serafim lobato disse...

A estória que o coronel Durão relata e deturpa, objectivamente, aconteceu com o DFE 12. Eu estava lá, e, naquele altura, exercia o comando do destacamento - aliás era o único oficial, pois o comandante tinha sido evacuado. Nós cumprimos toda a missão. Desobedecemos às ordens dadas por esse coronel, que, aliás, nunca desceu a terra, porque queria que fizéssemos um massacre das populações (facto que está referenciado, parcialmente, no seu relatório. O que significa que havia uma ordem do general Spínola para liquidar as populações). Eu disse-lhe directamente, via rádio, que não cumpria tais ordens. Se houvessem contactos de fogo, nós responderíamos, mas matar com uma premeditação nazi as populações não iríamos fazê-lo e assumiamos tal desobediência. No final, o citado coronel nem sequer aludiu ao conflito mantido comigo. Deu-me um largo louvor - penso que verbal, mas depois tornou seu o louvor que o meu comandante quis que ficasse escrito. Por detrás disto revela a sua verdadeira personalidade. Pela frente, sorrisos, por detrás a faca: escreveu o que está transcrito.*Esqueceu-se* de assinalar que capturamos o segundo comandante do bigrupo do Tiligi, facto que foi feito à mão por um dos marinheiros do DFE, o hoje sargento-mor José Talhadas. Para que conste, Serafim Lobato, ex-2º tenente fuzileiro especial.