sábado, 10 de fevereiro de 2007

Guiné 63/74 - P1511: Uma lição de... marinha (Manuel Lema Santos)

Dois esclarecimentos do Manuel Lema Santos que, para nós, infantes, ignorantes dos outros ramos das Forças Armadas, são uma lição... Também aqui o saber não ocupa lugar. Obrigado, camarada!

1. Caro Luis Graça,

Será possível efectuares uma correcção simples?

No texto, quando escrevi "Chegou a estar prevista a montagem de MP na ponte mas não chegou a ser efectuada" escreveste Morteiro Pesado em vez de Metralhadora Pesada, o verdadeiro significado da nossa abreviatura.

Ainda foram efectuadas algumas experiências com morteiro 60 mm e até houve quem pedisse 82 mm mas a resistência da estrutura não era suficiente e a ideia foi abandonada.
Um abraço e um bom fim de semana.
Manuel Lema Santos


2. Meu Caro Luis Graça,

Começo por te responder à tua pequena chamada, não percebendo muito bem se o teu código de página ou o Outlook Express está com dificuldades digestivas...

Dentro de todos aqueles palavrões, usuais à época, avultavam os sonantes Ordop (Ordens de Operações), Perintrep , Sitrep (Relatórios de Situação) , Relins, Relabs (Relatórios Abreviados), etc. e mais um inumerável rol de palavras sonantes utilizados a nível de Estados-Maiores e que suponho terem como função simplificarem as comunicações. Alguns, eu próprio não os sei retroverter para qualquer coisa mais compreensível mas confesso-me despreocupado com a ignorância.

Nesses mesmos relatórios, mensagens e todo o tipo de comunicações abreviadas era usual o ML (metralhadora ligeira), o MP (metralhadora pesada), o LGF (lança-granadas foguete), a ALG (suponho que arma lança-granadas) e todo um inumerável conjunto de abreviaturas para o qual nem sei se existem algumas regras estabelecidas.

Mesmo em anexos de comunicações de operações era muito vulgar a atribuição de abreviaturas que simplificava a extensão das comunicações efectuadas. Suponho que seria idêntico em todos os ramos das FA (cá está outra abreviatura em que até já fui corrigido para FFA para não se confundir com Força Aérea) pois se assim não fosse teríamos a Torre de Babel. Não tens essa sensibilidade adquirida?

No caso da ALG, não corresponderia este nome aos dilagramas utilizados pelo exército?

Na prática e numa LFG, correspondia a uma G3 fixa num suporte próprio (reparo) ao lado da MG 42 da ponte, reparo esse dispondo de uma mola bastante forte para suportar o recuo provocado pela munição de salva. O dispositivo, com um sistema de guiamento tipo morteiro, encaixava no cano da G3 e na ponta estava fixa uma granada defensiva a que era previamente retirada a cavilha de segurança depois de presa no encaixe do dispositivo, próprio para o efeito. Ao efectuar-se o disparo - com um atilho próprio para protecção do dedo - a munição de salva projectava a granada à distância, já com a cavilha solta e com os efeitos posteriores óbvios.
Esta era sim, uma arma de tiro curvo para as margens mas com algumas precauções obrigatórias na utilização.

Quanto aos aspectos específicos que focas, respeitantes a navios, vou tentar ajudar numa perspectiva simplificada:

1 - Todos os navios de guerra ostentam no costado (casco) e nas amuras de bombordo e estibordo (os guarda-lamas da frente esquerdo e direito) uma letra (correspondente ao tipo de navio) e normalmente também no painel de popa (parte de trás ou ré) seguida de um número correspondente atribuído essa unidade fabricada.

Assim poderemos dar alguns exemplos: F de Fragata, P de Patrulha, M de Draga-minas, U de Submarino (U boat), CV de Porta-Aviões (aircraft carrier), A de Auxiliar (abastecimento, hidrográfico, etc.) LDG de lancha de desembarque grande, LDM de lancha de desembarque média e LDP de lancha de desembarque pequena.

Claro que na origem está a língua inglesa e, mais especificamente, a nomenclatura NATO.

Ainda outros menos frequentes, por exemplo os Couraçados - BB (Battle ships), os Cruzadores - CV (designando navios mais poderosos que as Fragatas) e os DD - Destroyers que nesta altura não fazem parte dos tipos de navios que integram a nossa Marinha de Guerra.

Há ainda mais tipos de navios mas referi os mais frequentes. Apenas a observação de que no caso das nossas LFG's eram todas P (as LFP's ainda com mais sentido por terem quase metade do comprimento) por pertencerem efectivamente à classe dos Patrulhas mas designadas Lanchas pela tonelagem não atingir as 250 t.

Já agora, completando o ramalhete das oito que passaram pela Guiné foram a Argos - P372, Dragão - P374, Escorpião - P375, Cassiopeia - P373, Hidra - P376, Lira - P361, Orion - P362, Sagitário - P1131.

Quanto a fotos pessoais, referes-te a Marinha ou vida civil? Tenho alguma coisa que terei todo o gosto em enviar-te.

Tenho algumas coisas em carteira para o blo9gue mas terei que as trabalhar alguma coisa primeiro.

Um abraço e um bom fim de semana para ti e família!

Manuel Lema Santos

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