domingo, 19 de novembro de 2006

Guiné 63/74 - P1296: O cruzeiro das nossas vidas (2): A Bem da História: a partida do Uíge (Paulo Raposo / Rui Felício, CCAÇ 2405)

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Lisboa > Cais da Rocha Conde de Óbidos > Uíge > Julho de 1968 > Oficiais milicianos dos BCAÇ 2851 e 2852 na hora da despedida...


Foto alojada no álbum de Luís Graça > Guinea-Bissau: Colonial War. Copyright © 2003-2006 Photobucket Inc. All rights reserved.

Segundo post da série O Cruzeiro das Nossas Vidas (1).
1. Texto e foto do Paulo Raposo, enviados em 7 de Novembro de 2006:

Olá, pessoal.

Lindos rapazes a dizer adeus às miúdas no Cais da Rocha Conde de Óbidos, já a bordo do Uíge em Julho de 1968.

Quem são os malandros ? David, Rijo, Hernâni, Pimentel, Raposo (2).

O Felício estava a mandar uma mensagem do telemóvel, coisa muito em voga naquela altura.

O meu cripto quando vê esta foto, muito se ri.

Um quebra costelas

Paulo Raposo
2. Resposta do Rui Felício, de 9 de Novembro de 2006:
Meus Caros Amigos:

Embora muito me custe contrariar o Paulo Raposo, não ficaria de bem com a minha consciência se não rectificasse a observação que ele faz a meu respeito. A História não se compadece com imprecisões! Há que relatar os factos tal como eles se passaram efectivamente, sob pena de os vindouros tirarem conclusões erradas.
E a rectificação é a seguinte: Eu não estava a mandar nenhuma mensagem de telemóvel, pela simples razão de que os radares do Uíge interferiam com a captação de rede do meu aparelho. Estava naquele preciso momento, no camarote onde íamos viajar, a perfurar um telex, outro aparelho muito em voga também naquela época.
Fica reposta a verdade! A Bem da História!!!!

Um abraço

Rui Felício
________

Nota de L.G.:

(1) Vd. post de 12 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1271: O cruzeiro das nossas vidas (1): O meu Natal de 1971 a bordo do Niassa (Joaquim Mexia Alves)

(2) O Victor David, o Jorge Rijo, o Rui Felício e o Paulo Raposo - os quatro baixinhos de Dulombi - pertenciam à CCAÇ 2405, do BCAÇ 2852 (1968/78) . O Ernâni e o Pimentel pertenciam à CCS do BCAÇ 2851: estes últimos também eram alferes milicianos e estiveram no encontro da nossa tertúlia, na Ameira, em 14 de Outubro de 2006 (3).



A bordo do navio Uíge > Final de Julho de 1968 > A caminho de Bissau > O grupo dos futuros baixinhos de Dulombi... "A alegria do regresso quase que compensa a tristeza da partida", escreveu o Paulo Raposo no seu testemunho. O Paulo Raposo é o segundo a contra da esquerda. Vd. post de 19 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXV: O meu testemunho (Paulo Raposo, CCAÇ 2405, 1968/70) (3): De Santa Margarida ao Uíge

Fonte: © Paulo Raposo (2006), Direitos reservados.

(...) "No final de Julho de 1968, no Cais de Conde de Óbidos, lá embarcámos no Uíge. Seguiram os BCAÇ 2851 e 2852.
"A largada foi terrível. O barco a afastar-se do cais é muito doloroso para nós, com as carpideiras que para lá eram enviadas, para nos desmoralizarem ainda mais.
"Depois do navio largar e passar S. Julião da Barra, fomos para o bar à espera que nos chamassem para o almoço. O Major Branco, que comandava interinamente o nosso Batalhão, uma vez que o nosso Comandante, Ten Cor Pimentel Bastos já tinha seguido de avião, perguntou ao nosso Capitão:- Embarcaram todos os rapazes?O Capitão respondeu de imediato:- Sim, sim, meu Comandante. Ele sabia lá!
"Em conversa, o Cap Medina, que comandava uma companhia do outro batalhão [, o BCAÇ 2851,] que seguia connosco e estava a partir para a sua segunda comissão, disse algo de que nunca me esqueci:- A alegria do regresso quase que compensa a tristeza da partida. Na realidade foi bem assim.
"Durante os cinco dias que se seguiram, o ambiente a bordo não podia ser o melhor. Conversávmos muito uns com os outros enquanto passeávamos ao longo do tombadilho.O nosso espírito era unânime.
"De política, nada sabíamos. Sabíamos apenas que aquela ida para África era o preço que tínhamos de pagar para ter um lugar na sociedade. E se na na vida tínhamos de passar sacrifícios, então iríamos passá-los de uma assentada para o resto da vida. A defesa do Ultramar para nós, naquela altura, era uma coisa que não nos dizia directamente respeito, nem nos apercebíamos que África era fonte de abastecimento das nossas matérias primas. O que é que íamos defender na Guiné, território que estava rodeado de países francófonos ? A população estava dividida por várias etnias, a função pública era ocupada por caboverdianos, os comerciantes eram senegaleses e a religão dominante a muçulmana. Portugueses europeus não os havia por lá" (...).

(3) Vd. post de 15 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1177: Encontro da Ameira: foi bonita a festa, pá... A próxima será no Pombal (Luís Graça)



O Hernâni Figueiredo (Ovar) e o António Pimenta (Porto) eram alferes milicianos da CCS do BCAÇ 2851 (Região do Oio, 1968/70). Viajaram no Uíge, juntamente com o pessoal do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), em Julho de 1968. São muito amigos dos baixinhos de Dulombi. O nosso camarada Raul Albino, ex-Alf Mil da CCAÇ 2402, também pertencia a este batalhão.

Fotos: © Luís Graça (2006) . Direitos reservados.

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