sexta-feira, 7 de julho de 2006

Guiné 63/74 - P943: Lápide do BCAÇ 2884, o batalhão do João Tunes no Pelundo (A. Marques Lopes)



Guiné-Bissau > Região do Cacheu > Pelundo > Abril de 2006 > Obelisco mandado erigir pelo BCAÇ 2884 cuja CCS esteve no Pelundo (1969/70). Ao lado, o jipe do Xico Allen. Foto acima: lápide com os seguintes dizeres "BCAÇ 2884 à Pop Pelundo. Dez. 70".

Fotos: © A. Marques Lopes (2006)

As duas fotos foram-nos enviadas, em 29 de Maio último, pelo A. Marques Lopes, juntamente com fotos de Có ou do que resta de Có (1), e a seguinte legenda: "Para lembrar... Eu e o Allen passámos por aqui, a caminho de Canchungo [Teixeira Pinto]. Para quem lá esteve se lembrar daquilo... como está"...

Ora quem esteve no Pelundo, nesta unidade, foi o nosso camarada João Tunes, como alferes miliciano de transmissões. Ele já aqui nos falou da porrada que apanhou do comandante, porrada essa de que se orgulha, já que ela veio na sequência da desobediência a uma ordem absurda, arbitrária, exorbitante, numa típica situação de uso e abuso de poder... O resto da história é já conhecida: por se recusar a dar um estalo num cabo de transmissões, desobedecendo à ordem do tenente coronel, o João Tunes acabou por ir parar ao sul, a Catió, sendo colocado noutra CCS, noutro Batalhão... Sabemos quem, no final, saiu pela porta grande, com louvor com distinção...

Compreensivelmente, o João sempre fez questão ignorar, olimpicamente, o número do seu Batalhão (2), tanto o primeiro como o segundo.

Guiné > Região do Cacheu > Pelundo > Dezembro de 1969 > O Alf Mil Tunes ao volante do jipe MG-70-86. A seu lado, creio que era o capelão da CCS do BCAÇ 2884...

Foto: © João Tunes (2005).
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Nota de L.G.

(1) Vd. post de 30 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCCXV: Do Porto a Bissau (22): As ruínas de Có (A. Marques Lopes)

(2) Vd. post de 25 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXI: Pelundo: Nº do batalhão ? Não sei, não me lembro (João Tunes)

(...) Já tenho pensado (pouco...) nesta coisa de não me lembrar no nº do meu Batalhão do Pelundo e nem sequer do outro, o de Catió. Acho que foi um filtro qualquer de rejeição que se me meteu na memória depois de lá voltar. Prefiro que assim seja, que esquecer-me dos gajos porreiros com que me cruzei naquela guerra de merda, obrigando-nos a sermos camaradas mais que irmãos (...)
Logo a seguir, avivámos-lhe a memória e ele até nos ficou grato por se ter safo dessa maldita amnésia: vd. post de 27 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXVI: BCAÇ 2884 (Pelundo, 1969/71), o primeiro batalhão do João Tunes

(...) Obrigado por finalmente teres avivado a minha memória, lembrando-me o número do meu Batalhão do Pelundo. É isso, BCAÇ 2884, sob comando desse Tenente-Coronel de pacotilha Romão Loureiro (antes da Guiné, o tipo havia feito a maior parte da sua carreira "militar" na União Nacional, tendo chegado a Presidente da Câmara de Viseu... e foi fazer aquela comissão para poder ascender a Coronel, mas [...] sabia tanto de guerra como eu sei da cultura de alcagoitas) (...)
No chão manjaco o nosso camarada apeendeu a apreciar a superioridade da sociedade e da cultura dos manjacos: vd. post de 7 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXLIII: Respeito pelos manjacos, se faz favor! (João Tunes)

(...) Muito do que aprendi com o major Pereira da Silva sobre os manjacos foi-se nas brumas da memória (não tomava apontamentos, só me restavam os olhos e os ouvidos que as garrafas entornadas da 'chicória americana com álcool' iam deixando em lucidez entaramelada). Mas aquele homem, lembro-me dos seus bigodes de sábio e a sua bóina mal metida no seu cocuruto de oficial intelectual, era não só um poço de cultura como um óasis de saber, aprender e ensinar naquela guerra de merda (...).

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