quarta-feira, 15 de março de 2006

Guiné 63/74 - P612: O blogue (que) faz a nossa história (Zé Teixeira)

Guiné > Região de Quínara (Buba) > CCAÇ 2381 (1968/70) > O Zé (Teixeira), o nosso fermero, de marmita na mão, no relativo (des)conforto de um refeitório do mato, em instalações hoteleiras de múltiplas estrelas... Ele não disse nem quando nem onde... (LG)


Guiné > Região de Quínara (Buba) > CCAÇ 2381 (1968/70) > Três tugas partilhando um copo, brindando à vida, à paz, ao amor, à amizade... Não importa onde nem quando... (LG)

Guiné > Região de Quínara (Buba) > O Zé com três barbudos (+ um) que só podiam ser fuzileiros navais, dos que atravessavam o Grande Rio de Buba que eu nunca cheguei a conhecer... (LG)

Guine > Região de Quínara (Buba) > CCAÇ 2381 (1968/70) > Quatro fotos à procura do fotógrafo... Alvíssaras dão-se para a melhor legenda... (LG)
Fotos do arquivo pessoal do © José Teixeira (2006)



1. Texto do camarada Zé Teixeira:

Luís:

Paz, saúde e felicidade.

Acabo de chegar a casa e reler o Meu Diário e ... não sei o que dizer-te sobre as tuas palavras. Sei que são do fundo do coração de um grande homem que tenho a honra, prazer e sobretudo sorte em conhecer. Pena é que só agora, mas ainda é tempo.

Queimam demasiado no seu ardor e ao mesmo tempo exige. Há muito que um grande mestre Baden Powell disse:
- Quando morreres procura deixar o mundo um pouco melhor do que quando o encontraste.

Se todos os homens procurassem seguir este conselho que mundo excelente teríamos. Eu e tu com tanta garra, é isso o que procuramos fazer.

O Diário foi e é apenas e só um pequeno espaço da minha vida que estava na gaveta do sonho, até que apareceste e . . . saltou.

Foi como um renascer do tempo que se tinha ido e voltou para reviver palmo a palmo, passo a passo, minuto a minuto, aqueles dias, meses, anos que nunca mais passavam e já se foram há tanto tempo.

Tem sido um ir e voltar, um viver e reviver cenas tantas delas felizes no meio da infelicidade.
Quantas lágrimas de alegria, no fim da emboscada ou do ataque, abraçados uns nos outros em que não se divisavam as divisas de cada um, mas apenas e só o homem, que mais uma vez escapou.

Quantas lágrimas de dor e raiva contidas e tantas vezes teimosas a descer pela face, perante o colega, o amigo, o companheiro que partia, sem dizer Adeus, camarada!, porque uma bala traiçoeira, um estilhaço perdido, lhe roubou a vida.

Na frente donde partiu cantava-se vitória. Da rectaguarda de onde nos mandaram, ficava a memória e lá, no local, ficava a dor que nunca mais passou.

Obrigado, Luís, pelo teu pequeno/grande e trabalhoso gesto. O blogue faz a nossa história. Não precisamos que outros a inventem. Esta é a verdadeira.

Conta comigo. Um fraternal abraço do
Zé Teixeira


2. Notícias da tertúlia (L.G.):

(i) O nosso Pai Natal, o Humberto Reis, mandou-nos mais uma porrada de mapas da Guiné, digitalizados: Binta, Buruntuma, Cacine, Caio, Cansissé, Madina do Boé, Nambonco, Padada, Pelundo, Piche, Quinhamel, Teixeira Pinto e Tendinto…

Vocês sabem onde fica(va) a zona de Tendinto ? Eu não... Vim agora a saber que é(era) a zona entre Contuboel e o Senegal... As coisas (talvez inúteis e seguramente tardias) que a gente aprende sobre a Guiné de há cinquenta anos... nesta escolinha que se transformou o nosso blogue!!!

Agora só falta o ajudante do Pai Natal pôr tudo direitinho nas nossas páginas na Net (não é no blogue, que não cabem lá…), para os trabalhos práticos da próxima aula de geografia...

Obrigado, Pai Natal!

(ii) O nosso ranger Magalhães Ribeiro (ranger só há um, o Ribeiro e mais nenhum!, que me perdoem todos os demais especialistas de operações especiais da nossa tertúlia...) tem um texto que achei interessante e que faz parte do Cancioneiro de Mansoa: a recepção dos periquitos pelos velhinhos de Mansoa… em Agosto de 1974!!!

Reparem que em 9 de Setembro são esses mesmos periquitos que vão fazer a transferência da soberania (que irónica expressão!)… Agora vejam os mimos com que foram recebidos… Os ritos, as praxes… Todos passámos por isso… O post é de leitura obrigatória....

Outros camaradas (o Paulo Raposo…) deitaram fogo ao cu dos jagudis ou mataram todos os cães vadios da parada (eu, o Humberto, o major B.B.)… Why ?... É caso para lançar o desafio: quem não fez merda, que levante o braço...

Eu tenho uma teoria (especulativa) sobre isto e que já deixei esta manhã no blogue… Querem vocês também debitar a vossa (teoria) ?

(iii) Zé Teixeira: Obrigado pela citação do Baden Powell... Quanto ao resto, não comento por pudor. Concordo contigo num ponto: não queremos fazer história, competir com o Spínola ou o Amílcar Cabral. Queremos apenas contar a(s) nossa(s) história(s)...

(iv) O João Tunes é um senhor professor catedrático em muitas matérias do conhecimento humano e, nomeadamente, de criptografia... Depois de o ler, é que percebo por que é que os gajos, os criptos que eu conheci no meu sector, armavam ao pingarelho... Estes de facto eram os oficiantes do Santo dos Santos... Só não percebo é por que é que o João, com ficha na PIDE, conseguiu chegar a oficial cripto de um batalhão inteiro... Os gajos da PIDE nesse dia ou estavam distraídos ou devem ter metido o artº 4 da função pública e ido às putas... João: Magnífico texto, o teu, como sempre!

(v) Mário Dias: mas que ternura tens tu pela tua segunda terra, pela Bissau da tua adolescência e juventude!... Um dia, se eu lá voltar, à Guiné, vou-te convidar para ser o meu guia de Bissau & arredores...

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