quinta-feira, 1 de dezembro de 2005

Guiné 63/74 - P308: O Código de Conduta do Combatente da Guerra do Ultramar (Jorge Santos)

Cartaz dos Serviços de Propaganda do Estado Maior do Exército.

© Jorge Santos (2005).


Reproduz-se a seguir o "código de conduta" do militar português em África. Documento enviado pelo Jorge Santos (ex-fuzileiro, da 4ª Companhia de Fuzileiros, Niassa, Moçambique, 1968/70; membro da nossa tertúlia e autor da página na NET A Guerra Colonial):

Cópia do documento SPEME-Mod.1157 (Serviços de Propaganda do Estado-Maior do Exército - Modelo 1157). Este impresso era distribuído aos nossos camaradas, mobilizados para o Ultramar.

Pelos dados que tenho, sobre publicações editadas por esses serviços, creio que o SPEME funcionou entre 1964 e 1969. Portanto o Código de Conduta é desse período.

A distribuição do mesmo, e segundo deixa entender o próprio Código, seria feita quando as unidades estavam formadas e prestes a embarcarem.

Não tenho cópia do original pois o texto foi-me cedido. No entanto, e visto ser uma publicação do Exército, creio que ou o Arquivo Geral do Exército ou a Biblioteca do Exército o devem ter, pois, quanto mais não seja, constitui um património.

Será possível, pelo menos entre os combatentes mais velhinhos, existir algum exemplar? É possível.

Um abraço a todos os tertulianos.
Jorge Santos


O CÓDIGO DE CONDUTA

Ao partires para o Ultramar, ciente da importância da missão que vais desempenhar, deves-te sentir orgulhoso e confiante porque não ignoras a razão que nos assiste na luta que somos obrigados a sustentar contra o terrorismo. Bem sabes que quem luta com razão e pelo direito é sempre mais forte. Lembra-te:

«A FORÇA DA NOSSA RAZÃO É A RAZÃO DA NOSSA FORÇA»

Agora, que vais partir, e depois, quando já estiveres no Ultramar, deves ler e repetir mentalmente o seguinte:

- Sou um militar Português que cumpre a sua missão de defender a Pátria, se necessário à custa da própria vida;

- Confio nos meus chefes e, por isso, serei disciplinado e cumprirei fielmente as suas ordens, na certeza de que a disciplina constitui a força principal dos exércitos. Se for graduado, darei em todas as circunstâncias, o exemplo de que todos os meus subordinados necessitam e esperam de mim;

- Procurarei ser bom camarada, esforçando-me por colocar sempre o interesse geral acima dos meus interesses pessoais;

- Não esquecerei que esta guerra é uma luta pela conquista da adesão das populações. Por isso, ajudá-las-ei e farei o que puder para conseguir e merecer o apoio delas;

- Estarei sempre disposto a colaborar com as autoridades civis na obra de desenvolvimento em que todos estamos empenhados;

- Não referirei, na minha correspondência particular, qualquer operação, assunto de natureza militar;

- Nunca, e em nenhuma circunstância, divulgarei informações de interesse militar, especialmente quando se tratar de operações de combate;

- Não permitirei que o inimigo me aprisione;

- Lutarei sempre para não cair nas suas mãos;

- Não permitirei que qualquer documento ou material de que eu seja portador lhe caia nas mãos mesmo que tenha de os destruir;

- Nunca esquecerei que sou um soldado Português. Saberei ser sempre merecedor da confiança que em mim depositam, saberei sempre que o meu comportamento é importante para o êxito do exército e que o meu esforço é indispensável para a continuação de Portugal;

- Lutarei pelo futuro e glória da minha pátria, da minha família e de todos os portugueses;

- Com a ajuda de Deus, na hora do regresso quero gritar orgulhosamente: MISSÃO CUMPRIDA!

(SPEME – Mod. 1157)

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