terça-feira, 20 de setembro de 2005

Guiné 63/74 - P181: CCAV 2721 (Olossato e Nhacra, 1970/72) (Paulo Salgado)

© Paulo Salgado (2005)
O cais do Pidjiguiti, em Bissau.

1. O Paulo Salgado confirma que a sua companhia não era de caçadores (como chegou a ser indicado, inicialmente neste blogue) mas de cavalaria.

A CCAV 2721 (Olosato e Nhacra, 1970/72) era então comandada pelo capitão de cavalaria Mário Tomé. E tinha um jornal de caserna chamado Tabanca (SPM 1318, 1970). Essa informação já figura nas nossas páginas: Subsídios para a História da Guerra Colonial > Guiné (9). Seria interessante se o Paulo nos conseguisse arranjar fotocópia (ou versão digitalizada) de algum ou alguns exemplares do Tabanca.


2. Aqui vai um excerto da mensagem do Paulo:

(...) De resto, de cavalaria ou de caçadores, o que contava eram os homens e a forma como, dando tiros, os davam; [ou] como andando no mato, em emboscadas e golpes de mão, o faziam.

Além disso, há tantas estórias para contar (a verdade - o que é a verdade?...Quem detinha a verdade?!). Mas, como diz o Luís Graça, mais ou menos: é preciso olhar o passado para compreender o futuro...

Esse jornal de caserna - TABANCA - era lindo um pouco por toda a Guiné. Há quem tenha exeplares...

Aliás, o Mário Tomé era um tipo (é um tipo) extrarodinário - digo-o com muita segurança e conhecimento de causa. E dizem-no os camaradas que não gostam que ele falte aos encontros da companhia.

Havemos de voltar a falar do Olossato, de então, e do Olossato de agora. (Olossato é um nome giro, com sonoridade...aquele rio ao fundo...).

3. O Paulo Salgado já tinha, enternato, mandado uma anterior mensagem à tertúlia com algumas fotos da Guiné-Bissau de hoje. Aqui fica:

Ao Luís
Ao João Tunes
Ao Manuel Ferreira
A tantos!

A estes, e outros bloguistas, nos quais revejo os meus camaradas do Olossato, quero dizer, muito claramente, que naquela Guiné tão bela, tão cheia de encantos, as crianças brincam nos regatos com barquinhos de papelão, enquanto os senhores da guerra brincam com as Kalachnikovs…

Por causa das crianças, das mulheres e dos velhos – afinal não os temos aqui connosco sofrendo? – temos que gritar bem alto, em nome da solidariedade: BASTA!

Aqueles camaradas (da foto) que punham a G3 de lado para ajudarem os aldeões [em Nhabijões, Bambadinca], estavam ou não a ajudar as populações, com a sua energia, a sua coragem – com a guerra ali ao lado, e quantas vezes, ao outro dia ou na outra noite caíam crivados de balas… Que exemplo de homens bons, que exemplo de grandeza! Quanta coragem, camaradas e quanta solidariedade!

Vou fazer força junto do Graça e de todos quantos queiram, para começarmos a conseguir uma pequenina ajuda para uma tabanca qualquer: Olossato, Bigene, Fulacunda, tanto faz…

O tempo passou, meus caros. O que hoje ocorre e decorre na Guiné-Bissau toca-nos, tem que nos tocar, forçosamente. A indiferença é a pior inimiga da solidariedade.

Nós, ao escrevermos, ao relatarmos as coisas que sofremos, estamos a ser solidários, estamos a ser homens. Mesmo com os nossos pecados, com as nossas malandrices…

© Paulo Salgado (2005) Criança em tratamento mo no Hospital Simão Mendes, Bissau.

Quero deixar-vos quatro fotos actuais:

(i) avenida que vai da Chapa 3 até ao palácio (agora desfeito);

(ii) criança em recuperação no Hospital Simão Mendes (o Hospital Militar desapareceu);

(iii) vista do cais do Pidjiguiti;

(iv) cortejo de carnaval em Bissau.

Peço-vos desculpa se estou a maçar-vos. Obrigado, Camaradas. Salgado

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